Em sua história recente, alguns segmentos políticos brasileiros tentaram tirar de nós, servidores, o direito do reconhecimento.
Se hoje o mais humilde trabalhador tem direito a um salário pela sua mão de obra, foi graças aos esforços de servidores públicos de todo o mundo.
Nossa missão de servir, atender, cuidar e proteger é levada a patamares de excelência muitas vezes não reconhecidos e, até mesmo, ignorados pelos meios de informação politizadores.
O servidor é tão digno de respeito e reconhecimento como quaisquer outros trabalhadores.
Nós, servidores da Câmara dos Deputados, representamos o intermédio e o equilíbrio entre os anseios do povo — nós, também povo do qual fazemos parte.
Somos a parte que fica exatamente no meio da trincheira, na linha de frente do confronto de interesses entre cidadão e legislador — os nossos representantes eleitos.
De maneira alguma devemos sentir-nos constrangidos em tomar posse do nosso dia.
Me entristeço ao ver que nossos esforços e nossos serviços de excelência não tenham o alcance que nos empenhamos em horas de estudo, pesquisa, elaboração, discussão e avaliação para chegar até um documento que tenha valor para todos nós brasileiros.
Somos trabalhadores sim e, ainda mais, estamos a serviço do país.
Estamos sempre à disposição da máquina estatal para concretizar todas as ações que os representantes eleitos pela maioria de nós demandam para operar as engrenagens do Estado.
Repensemos.
Nos chamam de “privilegiados”...
justamente nós que estamos à mercê da fúria do povo e submetidos aos atos muitas vezes imoderados dos congressistas e seus correlatos.
As pessoas pensam que o nosso maior desafio é a aprovação em uma prova escrita e de habilidades específicas, em alguns casos.
Doce engano...
Nenhuma prova é capaz de mensurar nossa resistência às pressões da Casa.
Nenhum curso consegue nos preparar para os desafios que vão além das descrições de atribuição do cargo no edital.
É preciso mais do que a aprovação e a nomeação...
o servidor tem que ter um arcabouço de qualidades...
para a prestação do serviço público.
Foram muitas as ocasiões em que nós, servos do povo, cortamos nossa própria carne no sentido de viabilizar medidas que são veiculadas como “interrupção de regalias”, quando na verdade se tratava de supressão de direitos adquiridos por uma categoria digna de trabalhadores.
Não consigo mais me silenciar diante de tais fatos...
Se alguém tem direito e envergadura para ser reconhecido no Dia do Trabalho, esse alguém somos nós servidores.
Devemos levantar nossa cabeça e coibir qualquer ideia de rechaço a nós.
Permitimos por muitos anos que influenciadores políticos, lobistas e pessoas maliciosas desvirtuassem nossa imagem junto ao povo.
Devemos nos erguer contra essa tendência ardilosa de desvalorização do indivíduo servidor público e profissional do Estado brasileiro.
Nenhuma máquina reproduz, ainda, as aptidões intrínsecas a esse desígnio.
Somos nós que promovemos a ordem e o progresso por meio do serviço público.
E é por este manifesto que eu parabenizo a todos nós pelo Dia do Trabalho.
Maria Elisa Siqueira de Oliveira
Presidente
